Fernando Pessoa
(...)
Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena
fazes aqueles truques que aprendeste no cinema
mais peço-te eu, já me sinto a viajar
para, recomeça, faz-me acreditar
"Não", dizes tu, e o teu olhar mentiu
enrolados pelo chão no abraço que se viu
é madrugada ou é alucinação
estrelas de mil cores, ecstasy ou paixão
hum, esse odor, traz tanta saudade
mata-me de amor ou da-me liberdade
deixa-me voar, cantar, adormecer (...)
Pedro Abrunhosa, Tudo o que eu te dou
Fui almoçar ao sítio do costume (não, não é o Pingo doce!) naquele que eu apelido de momento privilegiado do dia. E hoje não vou falar da vista do rio e do mar (que estavam lindos como sempre), nem dos barcos a sair para a pesca (por ser mudança de maré), nem dos pára-quedas do Kitesurf que povoavam o céu, nem mesmo dos muitos "casaizinhos" de adolescente que, deitados na relva, trocavam uns atrevidos beijos com sabor de Primavera...
Hoje partilho a música que ouvi e que me fez cantarolar enquanto almoçava e pensar que a vida tem momentos dliciosos!
The Animals-The house of the rising sun
Sou daquelas pessoas que, em regra, não funcionam lá muito bem pela manhã. Acho terrível ter de me levantar de rompante para ir trabalhar e, acrescento que a técnica de regular o despertador para 15m antes da hora não funciona comigo, porque o levantar calmamente ainda é mais penoso e, além disso acordo sempre antes do despertador!
Hoje foi uma manhã particularmente má. Às 6.00h ainda dava voltas na cama, sem conseguir dormir.
As olheiras estão, por isso indescritíveis (tenho mesmo de aprender a maquilhar-me, porque acho que isto dá para disfarçar...e o humor ameaçava um dia de grande tempestade, felizmente hoje não tenho tribunal, até que cheguei à rua e vi, paradas no fio eléctrico em frente à minha casa, duas andorinhas!
DUAS ANDORINHAS! Ali, paradas, lindas de morrer!
São as primeiras que vejo este ano e são, com toda a certeza o prenuncio de um bom dia!
...e o termómetro do carro marcava 23º!
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.(...)
Álvaro de Campos