Tabula Rasa

Abril 21 2009

"Todos os dias somos bombardeados com as notícias do encerramento de fábricas e empresas. Todos os dias nos dizem que as taxas do desemprego e da pobreza sobem. Todos os dias nos dizem que há suspeitas de corrupção e que há “favores”. Todos os dias nos dizem que há evasão fiscal. Todos os dias nos dizem que a justiça é obsoleta: que há processos judiciais “ad aeternum”; que a lei mudou, dificultando a acção dos vários intervenientes judiciários. Todos os dias nos dizem que há professores agredidos; que faltam meios de vigilância nas escolas e que há descontentamento; que se oferecem diplomas e cursos que em muito contribuem para que se instale uma mecânica ubuesca na sociedade. Todos os dias nos dizem que há do entes a aguardar pela marcação de consultas e cirurgias; que há falta de meios técnicos e humanos nos hospitais; que os medicamentos não ficam ao alcance de qualquer bolsa.
Basta! Batemos no fundo. Como diria Eça: “isto não é um país… É um sítio. E ainda por cima mal frequentado!'. Portugal enfrenta problemas que são muito graves e carecem de urgente, empenhada e determinada resolução."

Excelente crónica do meu amigo Carlos Pires, a ler na integra aqui.

publicado por Cristina às 15:59
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Fevereiro 10 2009

 

 

 

"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos."

Mário Crespo

in JN 09-02-09

publicado por Cristina às 14:04

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