Ontem vi, na sic, uma entrevista com os U2 e fiquei presa. Não, não fiquei presa à voz sensual do Bono nem ao olhar enigmático do The Edge (eu e os olhos...). Comecei por ter uma estranha sensação de familiaridade com o espaço em que estavam. Com a sala, o sofá e com a janela e, de repente, percebi. Estavam a dar a entrevista em Fez, em Marrocos, no mesmíssimo hotel em que fiquei instalada quando, há uns anos, passei lá uma semana em trabalho!
Na altura desesperei. Mulher, novinha e a negociar apenas com homens numa cultura diferente. Foi complicado, muito complicado e confesso que cheguei a duvidar de que conseguia fazer o que me levou lá. No fim, tudo correu pelo melhor. Consegui tudo o que o meu cliente queria e, pelo meio tive uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida, num país que adoro, que conheço bem e junto de pessoas que me abriram as portas das suas casas e das suas vidas. Enquanto lá estive, fui convidada para um casamento e partilhei refeições em casas particulares. Vesti-me segundo a sua cultura e cheguei, inclusivé, a assistir a cerimónias numa das mesquitas mais sagradas para os muçulmanos, proibida a não-crentes.
A ajudar, da varanda do quarto do hotel, tinha esta vista sobre a Medina de Fez. Um lugar encantado, cheio de mistérios e ruelas infinitas, declarada património mundial da UNESCO, desde os anos 80.
E tudo isto me faz recordar que foi por alturas da Páscoa que fui pela primeira vez a Marrocos e fiquei presa àquela terra e àquelas gentes! (e penso, tristemente, que ando a perder qualidade de vida...)